domingo, 17 de fevereiro de 2013

Anna Karenina



Terceiro filme da trilogia dos romances literários de época dirigidos por Joe Wright (os outros foram Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação), Anna Karenina é o mais irregular. Adaptando desta vez o obra do russo Tolstoy, o longa narra a história da personagem título (Keira Knightley), uma mulher casada com o político Alexei Karenin (Jude Law) e que se envolve em um romance com o nobre Vronsky (Aaron Taylor-Johnson). Este, por sua vez, está prometido à princesa Kitty (Alicia Vikander), que é alvo da paixão do rico Levin (Domhnall Gleeson). Uma trama novelesca que também traz como personagens o casal Dolly (Kelly McDonald) e Oblonsky (Matthew Macfadyen), este último irmão da protagonista, que tentam manter um casamento fracassado e infeliz.

Gravado quase inteiramente dentro de um teatro, o que reforça o tom melodramático e pomposo da obra, a obra permite que Wright realize vários tipos de experimentações: cenários que se movem, planos-sequência estilizados, trocas de figurino em cena, etc. Aí se encontram os maiores destaques de Anna Karenina, com direito a sequências belíssimas, em especial o longo plano durante um baile que mostra, pela primeira vez, Karenina e Vronksy tendo algum tipo de contato físico. Da mesma forma, o diretor utiliza a teatralidade também como alívio cômico e abusa dos planos líricos e simbólicos. Nesse ponto, a direção de arte, a fotografia e o design de som criam uma ambientações perfeitas e mudanças completas de ares dentro de um espaço limitado.

Mas toda essa atenção dada à parte técnica e artística da obra é deixada de lado em relação ao roteiro e à narrativa. A história parece corrida, os personagens vêm e vão sem que nos identifiquemos, tudo parece batido e já visto antes. Keira Knightley chama a atenção mais por sua magreza mórbida e suas caras e bocas do que por sua personagem. Sua Anna Karenina é uma figura inconstante e tediosa, e a atriz não se esforça muito para mudar essa impressão. Por outro lado, Macfadyen possui ótimo timing cômico e carisma, enquanto Jude Law consegue demonstrar a nobreza de seu personagem - mas ainda assim suas atuações são somente corretas. Já a história envolvendo o casal vivido por Domhnall Gleeson e Alicia Vikander (que está bem melhor como a protagonista de O Amante da Rainha) é irritantemente enfadonha e toda vez que acompanhamos os personagens o filme perde bastante em ritmo.

Mesmo com vária sequências belas, o fato é que Anna Karenina é uma obra fria, sem emoção. Wright tenta apelar muitas vezes para o melodrama, mas falha quase sempre. Um filme ao mesmo tempo lindo e entediante.

Anna Karenina (Reino Unido, 2012). Dirigido por Joe Wright. Com Keira Knightley, Aaron Taylor-Johnson, Jude Law, Matthew Macfadyen, Domhnall Gleeson, Alicia Vikander, Kelly McDonald, Olivia Williams e Emily Watson.


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